Primeiro foguete comercial do Brasil lançará satélites que coletam dados ambientais e mensagens

Publicado em: 20/11/2025 às 8h10

Satélites desenvolvidos pela UFMA serão lançados em Alcântara — Foto: Carlos Brito e INNOSPACE

ALCÂNTARA — A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) vai realizar, neste sábado (22), o lançamento de nanossatélites a bordo do foguete sul-coreano HANBIT-Nano, que fará o primeiro voo comercial espacial partindo do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no litoral maranhense.

Os satélites Jussara K e Pion BR2 – Cientistas de Alcântara serão enviados durante a Operação Spaceward 2025, marcada para este fim de semana. O evento representa a primeira vez que cargas úteis, como satélites, serão inseridas no espaço a partir do solo brasileiro.

Objetivos dos satélites

Os dispositivos desenvolvidos pela UFMA terão funções específicas:

  • Coletar dados ambientais de plataformas terrestres
  • Transmitir mensagens produzidas por cerca de 300 crianças participantes de um projeto educacional no Maranhão
  • Permitir que as mensagens sejam captadas por estações de telemetria em diferentes partes do mundo

Testes e preparação

Todos os equipamentos passaram por testes na sala instalada pela INNOSPACE, empresa responsável pelo foguete, localizada no CLA. O HANBIT-Nano levará ao espaço oito cargas úteis, incluindo três projetos apoiados pela Agência Espacial Brasileira (AEB).

Marco histórico

O lançamento marca um avanço significativo para o Brasil, já que será o primeiro voo comercial espacial realizado a partir do território nacional. A operação reforça o papel estratégico de Alcântara como centro de desenvolvimento aeroespacial e amplia a visibilidade científica e tecnológica do Maranhão.

Coleta de dados ambientais

O satélite Jussara-K foi desenvolvido no Laboratório de Eletrônica e Sistemas Embarcados Espaciais (LABESEE) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e reúne diversas tecnologias nacionais.

Ele conta com antenas produzidas em parceria com o Laboratório LISE, da Universidade Federal de São João Del-Rei (MG), e o seu sistema de energia, incluindo os painéis solares, fabricados no laboratório da UFMA.

Sua missão é coletar os dados ambientais de plataformas terrestres equipadas com sensores em áreas de lagoas, florestas e regiões de cultivo. Ele será capaz de captar informações como temperatura, umidade e níveis de monóxido de carbono, sendo útil para identificar focos de queimadas.

O satélite leva ainda um módulo de processamento de inteligência artificial, fruto de parceria com a startup paulista Epic of Sun, para testar o desempenho da tecnologia em ambiente espacial.

Satélite levará mensagem ao espaço

Já o Pion BR2 – Cientistas de Alcântara é uma parceria da UFMA, por meio do DARTi Lab e do BAITES, com a Agência Espacial Brasileira (AEB), a Fundação Sousândrade, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup brasileira PION, especializada em nanossatélites.

Segundo a UFMA, o satélite nasceu do projeto “Cientistas de Alcântara”, que tem o objetivo de aproximar as comunidades da cidade de Alcântara das tecnologias espaciais, com foco no protagonismo das crianças quilombolas.

crianças participantes do projeto. Após o lançamento, o dispositivo enviará sinais que poderão ser captados por estações de telemetria em diversas partes do mundo.

Além disso, o satélite também será utilizado para testes e validações tecnológicas, incluindo o gerenciamento de energia e desempenho dos painéis solares, testes e qualificação do módulo de comunicação e antena, testes e qualificação do computador de voo.

Para o professor do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA, Carlos Brito, o lançamento dos satélites é um divisor de águas para o Programa Espacial Brasileiro e para a própria universidade.

“É um evento histórico para o Programa Espacial Brasileiro. E a UFMA está participando disso justamente com a entrega de satélites, né, sendo uma em parceria com a Pion Labs e a outra feita aqui no nosso laboratório, no LABESEE. Esses satélites são importantes na medida em que trazem todo um conhecimento relacionado ao ciclo espacial, ou seja, nós aprendemos desde a fazer, a ter o conhecimento de produzir um satélite até o passo de fazer o lançamento”, destacou.

Lançamento do primeiro foguete comercial

O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão vai lançar neste sábado (22), o primeiro foguete comercial no Brasil. O foguete lançado será o HANBIT-Nano, desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace e projetado para lançamento de pequenos satélites.

A empresa recebeu autorização da Força Aérea Brasileira (FAB), em maio deste ano, para o lançamento do veículo espacial.

empresa já havia feito no Centro de Lançamento de Alcântara, em março de 2023, o lançamento de voo teste com o foguete sul-coreano HANBIT-TLV. Na época, a operação foi considerada bem-sucedida e o voo durou 4 minutos e 33 segundos.

O foguete HANBIT-Nano é um foguete orbital, de dois estágios, projetado para o lançamento de pequenos satélites. Ele possui 21,9 metros de comprimento, 1,4 metro de diâmetro e pode transportar cargas úteis de até 90 km para órbitas síncronas ao Sol (SSO), podendo chegar a 500 km de altitude.

O HANBIT-Nano possui dois estágios. São eles:

  • Primeiro estágio: motor híbrido, de 25 toneladas de empuxo, movido a parafina sólida e oxigênio líquido.
  • Segundo estágio: pode ser equipado com motor híbrido HyPER ou motor líquido LiMER, ambos com empuxo de cerca de três toneladas, que dá flexibilidade nas missões.

Por que foguetes podem ser lançados em Alcântara?

O lançamento de foguetes em solo brasileiro, em especial, em Alcântara é possível devido a um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) feito pelo Governo Federal, em 2019.

Após a assinatura do documento, a Agência Espacial Brasileira (AEB) lançou um edital para atrair o interesse de empresas privadas na utilização do Centro de Lançamento de Alcântara. Quatro empresas foram habilitadas, dentre elas, a sul-coreana Innospace.

O acordo contém cláusulas que protegem tanto a tecnologia usada pelos norte-americanos quanto pelos brasileiros. Pelo acordo, os Estados Unidos poderão lançar satélites e foguetes do local, mas o território de Alcântara continuará sendo espaço de jurisdição brasileira.

 

Imirante.com

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