Publicado em: 29/07/2025 à 8h10
O tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima afirmou, nesta segunda-feira (28), ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o documento encontrado pela Polícia Federal (PF) contendo um plano de “neutralização” de autoridades e ministros da corte foi produzido pela área de inteligência da 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre.
Lima disse que o documento, apontado pela PF como prova central da trama golpista favorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro, era, na verdade, um documento de inteligência militar destinado à construção de cenários para o comandante da 6ª Divisão do Exército. O militar está preso preventivamente há nove meses e é um dos réus que pertencem ao Núcleo 3 da ação penal da trama golpista.
Composto por dez réus, o grupo foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de praticar ações de campo em prol do golpe e de promover uma campanha para convencer o alto comando das Forças Armadas a aderir ao complô.
Cenários hipotéticos
Em 2022, o militar Hélio Lima estava lotado como oficial de inteligência da 6ª Divisão do Exército, com a atribuição de abastecer o comandante com cenários hipotéticos sobre diversos assuntos. Um desses cenários teria especulado sobre as conclusões do relatório de fiscalização das Forças Armadas sobre o processo eleitoral, documento produzido pelo Ministério da Defesa no fim de 2022, segundo o militar.
No caso, o cenário trabalhado por ele partia da premissa de que o relatório da Defesa confirmasse fraude eleitoral em 2022.
Questionado por que o documento considerava como “ameaça” apenas uma possível fraude por parte de “grupos de esquerda”, Lima respondeu que foi a esquerda que venceu as eleições e que, por isso, considerou que, se houvesse fraude, seria em favor de quem havia vencido o pleito.
O militar também negou que tenha recebido ordens para elaborar o documento, afirmando ser função do oficial de inteligência construir os cenários e apresentá-los ao general responsável, que poderia pedir mais aprofundamento ou descartar aquele cenário por completo.
O tenente-coronel Hélio Lima negou ainda que tenha ido a Brasília para monitorar o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, uma das autoridades que seriam “neutralizadas”, de acordo com a suposta Operação Luneta. O militar apresentou documentos para demonstrar que foi a Brasília para ajudar a mobiliar o apartamento dos filhos, que estudavam na Universidade de Brasília.
*Com informações da Agência Brasil