Super-ricos pagam menos Imposto de Renda que classe média desde 2009, revela estudo inédito https://www.terra.com.br/economia/imposto-de-renda/super-ricos-pagam-menos-imposto-de-renda-que-classe-media-desde-2009-revela-estudo-inedito,a651af775bc1dc8e5b150f649e9a4972funvnpe6.html?utm_source=clipboard

Publicado em: 30/09/2025 às 8h20

Os super-ricos brasileiros, contribuintes com ganhos milionários, pagam proporcionalmente menos da metade do Imposto de Renda da classe média, mostra um levantamento inédito do Sindifisco Nacional, sindicato que representa os auditores-fiscais da Receita Federal.

Os dados detalhados para a BBC News Brasil revelam que a tributação da renda dos contribuintes mais ricos apresentou tendência de queda nas duas últimas décadas, recuando quase 40% entre 2007 e 2023, devido aos ganhos mais elevados com dividendos — lucros distribuídos pelas empresas a acionistas que não são tributados no país desde 1996.

Por outro lado, brasileiros de ganho intermediário estão pagando cada vez mais imposto, devido ao congelamento da tabela do IR, que tem ficado defasada em relação à inflação.

Com isso, desde 2009, brasileiros milionários, com ganhos mensais acima de 320 salários mínimos, passaram a pagar proporcionalmente menos IR que a classe média — e a diferença entre os dois grupos vem aumentando ao longo dos anos (entenda melhor os números ao longo da reportagem).

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta mudar essa realidade com uma reforma do Imposto de Renda prevista para ser votada na Câmara dos Deputados na quarta-feira (1/10). A proposta é criar um imposto mínimo de até 10% para brasileiros de renda elevada, ao mesmo tempo que aumenta o limite de isenção do IR para rendas mensais de até R$ 5 mil.

Caso a proposta seja aprovada, brasileiros milionários passarão a pagar um patamar similar ao imposto de renda da classe média (grupo que não é afetado pela proposta de Lula), enquanto brasileiros com ganhos abaixo de R$ 5 mil deixarão de contribuir.

O levantamento do Sindifisco mostra que a tributação da classe média não para de subir desde 2010.

A partir dos dados disponíveis da Receita Federal, o sindicato dos auditores fiscais pôde calcular a alíquota efetiva média de imposto paga por cada faixa de renda de 2007 a 2023.

A alíquota efetiva é o percentual da renda total que de fato é consumida pelo IR. Por exemplo, se uma pessoa ganhou R$ 200 mil em um ano (cerca de R$ 16 mil por mês) e pagou R$ 20 mil de Imposto de Renda no mesmo período, sua alíquota média foi de 10%.

Já se um contribuinte ganhou R$ 6 milhões em um ano e pagou R$ 300 mil de IR, sua alíquota efetiva foi de 5%. Ou seja, embora essa pessoa tenha contribuído para a Receita Federal com um valor absoluto maior que contribuintes de renda mais baixa, ela perdeu uma parcela menor de seus ganhos.

O levantamento do Sindifisco mostra que contribuintes com ganhos acima de 320 salários mínimos por mês em 2023 — o equivalente a R$ 5,068 milhões de renda total naquele ano — pagaram, em média, uma alíquota efetiva de 4,34%.

É menos da metade do que pagaram aqueles com ganhos mensais entre 5 e 30 salários mínimos (uma renda anual entre 79,2 mil a R$ 475,2 mil em 2023), que foram tributados, em média, em 9,85% no mesmo ano.

Os dados históricos calculados pelo Sindifisco mostram que a situação era diferente em 2007, quando os dois grupos tinham alíquotas efetivas próximas, sendo que os mais ricos pagavam um pouco mais.

Naquele ano, os contribuintes com ganho mensal acima de 320 salários mínimos pagavam, em média, alíquota efetiva de 6,9%. E o grupo com renda mensal entre 5 e 30 salários mínimos tinha uma taxa efetiva média de 6,3%.

O salário mínimo em 2007 era de R$ 380, ou seja, uma renda de 320 salários mínimos significava um ganho anual de R$ 1,459 milhão naquela época. Atualizado pela inflação, seria o equivalente a quase R$ 4 milhões hoje.

Já uma renda de 5 a 30 salários mínimos de 2007 equivaleria nos dias de hoje, já atualizado pela inflação, a um ganho anual em torno de R$ 61 mil a 370 mil.

 

 

 

Terra

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